Uma nova vacina contra a chikungunya demonstrou eficácia quase total na estimulação da resposta do sistema imunológico contra o vírus, além de ser segura, apresentando baixo risco de efeitos colaterais. Isso é o que indica um estudo publicado na segunda-feira (12) na revista científica The Lancet.
A chikungunya é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e da zika. Os sintomas incluem febre, manchas avermelhadas, dores nas articulações e na cabeça. Atualmente, não existe uma vacina disponível para a doença.
No entanto, um modelo desenvolvido pela empresa farmacêutica Valneva pode vir a mudar esse cenário. A vacina, administrada em dose única, consiste em um vírus atenuado que não tem a capacidade de infectar células. Para o desenvolvimento do medicamento, uma parte do genoma do patógeno foi removida.
Os dados do estudo, conduzido pela filial austríaca da Valneva nos Estados Unidos, envolveram 3.644 participantes que completaram a investigação. Entre eles, 362 foram analisados em relação à resposta imunológica, sendo que 266 receberam a vacina e 96 receberam um placebo.
Dentre os que receberam a vacina, 263 tiveram o sistema imunológico estimulado para produzir anticorpos neutralizantes contra o vírus em 28 dias após a aplicação. Mesmo após 180 dias do início da pesquisa, 96% dos participantes continuaram apresentando níveis adequados de produção de anticorpos neutralizantes.
O estudo também avaliou a segurança da vacina. Aproximadamente metade dos participantes que receberam a vacina relatou efeitos colaterais, enquanto no grupo placebo esse número foi de quase um terço. A maioria desses efeitos colaterais foi classificada como leve.
Apesar dos resultados promissores, o estudo possui uma limitação: foi conduzido nos Estados Unidos, onde a chikungunya não é endêmica. Isso dificulta a observação completa da proteção oferecida pelo medicamento e seu efeito em pessoas que já foram infectadas pelo vírus.
No Brasil, onde a chikungunya tem alta incidência, o Instituto Butantan é parceiro da Valneva. A instituição já realizou um estudo com 750 adolescentes brasileiros, cujo recrutamento foi concluído em fevereiro deste ano. No entanto, ainda não há previsão para a divulgação dos resultados.