Os ministros do Supremo Tribunal Federal deram um ultimato ao presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos: se o atual mandatário quiser contar com a boa vontade da corte depois de deixar o governo, ele deve parar de apoiar questionamentos sobre o resultado das urnas, além de atuar para desmobilizar os manifestantes que estão aglomerados nas estradas e nas portas dos quartéis do país. As informações são da jornalista Malu Gaspar.
De acordo com Malu, coube ao ministro Gilmar Mendes, a tarefa de transmitir a mensagem. Ele se reuniu com Jair Bolsonaro na última terça-feira (22), para uma longa conversa, e também falou com ministros e pessoas da confiança de Bolsonaro.
No encontro, que ocorreu nas vésperas da apresentação do relatório do PL que subsidiou uma ação pedindo a anulação de parte dos votos do segundo turno, Gilmar disse que cumpre a Bolsonaro exercer suas funções constitucionais e que, ao invés de questionar o resultado das urnas, ele deveria estar dedicando seus últimos dias de mandato à organizar a oposição a Luiz Inácio Lula da Silva.
Gilmar conversou também com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jorge Oliveira, nomeado por Bolsonaro.
Com esses aliados de Bolsonaro, Gilmar foi mais enfático. Argumentou que na prática o governo acabou e que o ideal seria que o presidente derrotado nas urnas usasse os dias que restam para acabar com qualquer requisito de tumulto institucional antes de deixar o Planalto.