São João Batista, um reduto historicamente bolsonarista em Santa Catarina, vive momentos de realinhamento político após um acordo entre o prefeito Pedro Afonso Ramos, conhecido como Pedroca (MDB), e o Partido dos Trabalhadores (PT). O acordo prevê um repasse de até R$ 15 milhões por parte do Governo Federal e inclui a nomeação de pessoas ligadas ao PT em cargos estratégicos da administração municipal.
O anúncio de Artur Antunes Pereira como o novo chefe de gabinete surpreendeu muitos, dada a sua longa trajetória na arena política. Pereira, advogado com expertise em Direito Processual e Direito Eleitoral, já havia atuado na cassação dos mandatos do ex-prefeito e ex-vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi e Gilmar Doerner, respectivamente.
O município se destaca por ter dado a Jair Bolsonaro 78,75% dos votos na eleição de 2022, o que torna a aliança com o PT ainda mais significativa.
Ângelo Zunino, líder do PT em São João Batista e que já concorreu a cargos de prefeito e vereador, também recebeu uma posição na administração de Pedroca. Zunino, que obteve apenas 1,08% dos votos na eleição municipal de 2020, parece encontrar uma via alternativa de influência política através deste acordo.
Pedroca, que faz parte do MDB — o mesmo partido do prefeito cassado de Brusque, Ari Vequi —, mostra uma mudança de rota ao se alinhar ao governo federal. Em uma espécie de guinada, os retratos no gabinete principal da prefeitura também foram atualizados. Saiem os rostos de Jair Bolsonaro e do ex-governador Carlos Moisés da Silva, para dar espaço aos retratos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador Jorginho Mello (PL).
Segundo Pedroca, este realinhamento político não significa uma mudança ideológica, mas sim uma forma de aproximação com instâncias superiores de poder. Há inclusive uma possível audiência com o presidente Lula para tratar da construção de moradias populares em São João Batista.
O acordo representa um movimento político de grande magnitude e levanta diversas questões. Será que a decisão de Pedroca de “trair” alinhamentos anteriores em busca de recursos federais representará um marco na política local e estadual? E como essa mudança será recebida pelo eleitorado historicamente bolsonarista de São João Batista? São questões que somente o tempo responderá, mas que já começam a agitar o cenário político catarinense.
Inclusive, é importante destacar que não apenas em São João Batista movimentos do gênero estão acontecendo. Em Tijucas, a prefeitura também abriu as portas e a ordem é clara: “tratem bem este povo”. Uma pessoa do alto escalão da Administração Municipal de Tijucas chegou a ser chamada de nazista e fascista por uma liderança do PT local. Como resultado, o indivíduo ganhou uma salinha reservada dentro da secretaria, mesmo sem exercer nenhum cargo público.