Nesta sexta-feira (25), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou as nomeações de Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial, e Carlos Lupi para o Conselho de Administração da Tupy. A notícia, divulgada em um fato relevante pela própria empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), gerou atenção pública devido ao potencial salário de até R$ 1 milhão por ano para cada um dos novos conselheiros.
Com sede em Joinville, Santa Catarina, a Tupy é uma multinacional listada na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no segmento “Novo Mercado”, o qual denota os mais elevados padrões de governança corporativa no mercado financeiro brasileiro. A empresa é especializada na produção de componentes estruturais em ferro fundido e atua em vários segmentos, incluindo transporte, infraestrutura e agronegócio.
Anielle Franco é formada em jornalismo, mestre em relações étnico-raciais e atualmente cursa um doutorado em linguística aplicada. Até o momento, ela não possui experiência como conselheira de administração de uma empresa. Carlos Lupi, por outro lado, é uma figura política conhecida, mas os detalhes de sua experiência profissional não foram divulgados no fato relevante.
O BNDES detém uma fatia significativa de 28,1% das ações da Tupy. Adicionalmente, a Previ, caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, controla indiretamente outros 24,8% dos papéis da empresa. Ambas as entidades são, portanto, acionistas majoritários com considerável influência na governança da companhia. Para abrir espaço para as novas nomeações, dois membros do conselho, Carla Gaspar Primavera e Fabio Rego Ribeiro, renunciaram aos seus cargos.
O anúncio gera perguntas quanto à expertise e qualificações dos novos membros para assumir responsabilidades em uma empresa de metalurgia de tamanha envergadura. Os salários dos conselheiros da Tupy variaram de R$ 465 mil a cerca de R$ 1 milhão em 2021, mas ainda não foi divulgado o montante que Franco e Lupi receberão. A entrada de figuras politicamente ligadas em cargos de governança corporativa frequentemente acende debates sobre a independência e eficácia do conselho, sobretudo em empresas com participação significativa do Estado.
O cenário exige, agora, um acompanhamento meticuloso das próximas ações da Tupy e do desempenho de seus novos conselheiros, num ambiente corporativo cada vez mais escrutinado por suas práticas de governança.