Impeachment de Moraes?

Vazamento do modus operandi do gabinete do Ministro Alexandre de Moraes, e agora?

No dia seguinte à exposição pública do modus operandi de Moraes, o sujeito simplesmente dobra a aposta. Certo de que o consórcio que o cerca não moverá um único fio de cabelo contrário a Sua Majestade – conforme já sinalizado por Pacheco – ele chegou a mandar prender a mãe de uma adolescente caso a jovem continue utilizando redes sociais para defender o próprio pai, mais um entre tantos exilados políticos.

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Faço uma breve análise especulativa das possibilidades e das cartas que estão na mesa:

1- O aclamado “impeachment de Moraes” impactaria necessariamente na credibilidade da suprema corte inteira, considerando que seus caprichos despóticos foram todos devidamente avalizados pelos seus pares. Quantos senadores teriam fôlego para enfrentar a maior crise institucional da história recente?

2- Sem querer jogar água fria na fogueira que nunca se apaga, mas um processo de impeachment a essas alturas- e com todo o descaramento bilionário que aflora pelos quatro cantos da corte e do congresso -, há muito para barganhar. Acreditar que temos uma maioria de corajosos senadores pautados pelo supremo bem e pelo apreço às instituições é de uma ingenuidade incabível.

3- A propósito, quantos senadores têm seus gordos rabos presos em maracutaias e negociatas que, digamos assim, estejam fora dos ritos republicanos? A sede de vingança suprema já é velha conhecida na praça, para quê arriscar?

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4- Quem sabe, para apaziguar ânimos enfurecidos e tomados pela justa indignação da população, desapareça totalmente a ideia de impeachment e, em respeito (?) ao clamor popular, sejam lançados alguns pedaços de pão aos famintos durante todo esse espetáculo circense? Quem sabe as senhorinhas presas não possam retornar aos seus lares? Sejamos um pouco otimistas.

Como sempre alertou o advogado e meu amigo Leonardo Moll, a quem devo quase ipsis litteris as cogitações que trago nessa coluna, o ponto central da discussão deveria ser o estabelecimento de limites ao poder judiciário. Precisamos de uma ampla reforma processual, mas sequer iniciamos o debate sobre o tema e, ao que tudo indica, desperdiçaremos esse momento ímpar de comoção generalizada especulando sobre um impeachment que provavelmente não ocorrerá.

O maior perigo, continuaria Moll, é o povo ter seus genuínos propósitos instrumentalizados pelas águias de Brasília que, enquanto projeta sua escrupulosa aspiração no quadro das possibilidades, as aves de rapina já estão sofregamente mordendo sua moeda de troca – bem firmadas no quadro da realidade – a fim de se certificarem que se trata do mais puro ouro.

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