Desde o anuncio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), havia vencido as eleições presidenciais deste ano, quartéis e outras unidades militares se transformaram em pontos de peregrinação de apoiadores bolsonaristas inconformados com o resultado do pleito eleitoral.
Por todo o país, são inúmeros os grupos de Whatsapp e Telegram onde apoiadores de Jair Bolsonaro, pedem por intervenção militar que possa impedir que Luiz Inácio Lula da Silva tome posse. Nos últimos dias, o Ministério da Defesa divulgou notas que fizeram crescer a expectativa desses manifestantes de que uma reação poderia vir da caserna, o que poderia representar uma ruptura democrática.
Em meio a esse clima de tensão, o general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, revelou em entrevista à BBC News Brasil que o novo governo do PT não tem nenhum motivo para temer a atuação dos militares pelos próximos quatro anos. Ele diz apostar em uma relação harmônica entre Lula e os militares.
Carlos Alberto Santos é um dos militares mais respeitados de sua geração, comandando o contingente militar de missões de estabilização da Organização das Nações Unidas no Haiti e na República Democrática do Congo. Em 2018, foi um dos primeiros oficiais de alta patente a apostar na candidatura de Bolsonaro em 2018.
Já em janeiro de 2019, foi nomeado como ministro da Secretaria de Governo da Presidência, ficando no cargo por apenas seis meses. Em junho daquele ano, foi exonerado por Bolsonaro após virar alvo de ataques da chamada ala ideológica do governo, na época comandada pelo escritor Olavo de Carvalho.
Desde que deixou o governo, Santos Cruz vem tecendo críticas ao atual presidente e, neste ano, chegou a colocar seu nome à disposição para formar uma chapa à Presidência ao lado do ex-juiz federal e atual senador eleito Sergio Moro.
Ainda em entrevista, Santos Cruz também afirmou acreditar que Lula tem experiência política e saberá lidar com as Forças Armadas, além de rechaçar a tese difundida por apoiadores de Bolsonaro e mencionada em uma nota assinada pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica há duas semanas, segundo a qual as Forças Armadas teriam uma função “moderadora” na República brasileira.
“Qualquer interpretação de que as Forças Armadas são um poder moderador está completamente errada”, disse.