Uma série de decisões tomadas pelo Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe à tona questões críticas sobre a independência do judiciário e os interesses corporativistas. Às vésperas do recesso judiciário, Toffoli anulou uma multa de R$ 10 bilhões imposta à J&F, holding dos irmãos Batista, controladores da JBS, e parte de um acordo de leniência relacionado ao maior escândalo de corrupção do Brasil.
A decisão liminar do Ministro Toffoli suspende a obrigação da J&F de pagar R$ 10,3 milhões, valor acordado com o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Greenfield. Além disso, Toffoli ordenou que a empresa reavalie os termos do acordo com a Corregedoria-Geral da União (CGU) e concedeu acesso a mensagens interceptadas na Operação Spoofing, ligadas ao hacker Walter Delgatti Netto.
Um ponto de destaque nesse cenário é a ligação de Toffoli com a J&F: Roberta Rangel, esposa do Ministro, faz parte do time jurídico da empresa. Além disso, o ex-ministro Lewandowski, também ligado ao STF, foi contratado pela J&F após deixar o Supremo, aumentando as suspeitas de conflitos de interesse.
Em outra decisão marcante, Toffoli derrubou um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que impedia o pagamento de adicionais salariais aos juízes, conhecidos como “penduricalhos”. Esses benefícios, que elevam os rendimentos acima do teto do funcionalismo público federal, incluem um adicional por tempo de serviço que representa um aumento de 5% a cada cinco anos. A decisão do Ministro deve acarretar um custo adicional de cerca de R$ 870 milhões aos cofres públicos.
Toffoli defendeu a autonomia do judiciário, alegando que os órgãos de controle internos são suficientes, e rejeitou a interferência do TCU.