A sessão itinerante da Câmara Municipal realizada na comunidade do Araçá na noite da última quinta-feira(3), teve como principal tema um problema conhecido: a “algazarra no Caixa D’Aço”, a ensurdecedora competição de músicas de gosto duvidoso promovida pelos frequentadores da enseada durante a temporada (agora, também fora dela). Ao vocalizar a insatisfação popular, o enfermeiro e vereador entre 2009 e 2012 Charles Silvestre Marques, no uso da tribuna, citou trechos impublicáveis (e, portanto, não serão reproduzidos aqui) das músicas que escandalizam a vizinhança a qualquer hora do dia ou da noite. Segundo ele, a situação é insuportável.
Além de Marques, e de cerca de 30 moradores do bairro, a sessão itinerante ocorrida no Centro de Eventos do Araçá contou com a participação do prefeito Joel Lucinda (MDB), que solicitou o uso da tribuna para informar sobre alguns projetos de obras para o bairro, entre os quais a pavimentação do trecho ainda em estrada de chão que vai do Caixa D’Aço ao Estaleiro, tema de cobrança do vereador Willian Ismael dos Santos (Progressistas) na sessão da Câmara de segunda-feira (31).
Joel relatou que a obra, a ser custeada com dinheiro da outorga onerosa (cobrança que o município faz para liberar prédios mais altos que o previsto em determinadas áreas), sofreu atraso pela desistência da empresa contratada para executá-la, mas que, “passou o Carnaval a gente inicia e toca a obra”. Na mesma situação se encontra o cais que o Governo Municipal planeja construir na “primeira praia”: deve começar a sair do papel após a festa de momo.
Como não poderia deixar de fazer, o prefeito comentou a situação do Caixa D’Aço. Ele explicou que o bote inflável utilizado pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Famap) para realizar a fiscalização na enseada, danificado durante o temporal do mês de agosto, estará à disposição nos próximos dias e acrescentou que, em breve, esse equipamento terá o reforço de uma lancha a ser cedida ao município pela Polícia Federal: “É mais uma lancha que vai ser usada no combate à bagunça no Caixa D’Aço”, garantiu.
Magno Muñoz (MDB), vereador que está articulando uma audiência pública para tratar justamente de casos de perturbação do sossego na cidade, lembrou que, em dezembro de 2021, por sugestão do Conselho Municipal de Segurança Pública (Conseg), propôs uma lei que previa multas de até R$ 20 mil reais para infratores, mas o projeto foi rejeitado pelo Executivo, que apenas introduziu alguns dispositivos no Código de Posturas do município, relativos ao Caixa D’Aço. “Mas a gente acha que não contemplou a necessidade que tem hoje aqui”, observou. Por isso, convidou os presentes a participar da audiência, que, ele explicou, tem o objetivo de conciliar divergências entre donos de bares e assemelhados e moradores que exigem dormir em paz. “A gente não quer atrapalhar quem quer trabalhar, mas tem que respeitar todo mundo”, disse.
A audiência pública ocorre no próximo dia 17, quinta-feira, a partir das 19 horas, na Câmara Municipal.