NOTA DE ESCLARECIMENTO: Esta reportagem foi originalmente publicada em 08 de março deste ano. Estamos replicando devido aos fatos ocorridos neste momento em nossa cidade e região.
O dia a dia de um jornalista é atípico. Ouvimos e consequentemente acabamos sabendo um pouco de tudo. Na verdade, o jornalista é como um “apanhador de sonhos”. Um filtro. Chegam até nossos ouvidos as mais variadas informações e é nossa responsabilidade discernir o fato do fake, o relevante do trivial.
Você pode estar se perguntando o motivo desta introdução e eu posso lhe explicar. Acontece que muitos jornalistas tem receio de fazer este tipo de reportagem. Alguns leitores podem classificar como sensacionalismo, outros como bobagem. Todavia, não muda o fato de que se trata de um assunto preocupante e importantíssimo.
Em novembro de 2008, Santa Catarina foi assolada com uma das piores enchentes da sua história. 135 pessoas morreram, 9.390 habitantes foram forçados a sair de suas casas para que não houvesse mais vítimas e 5.617 desabrigados.
Entre as principais cidades afetadas pela enchente de 2008 estão Canelinha, Camboriú e Nova Trento. Três municípios localizados dentro do raio de abrangência de Tijucas. Na época, inclusive, a Capital do Vale teve quase 200 pessoas desabrigadas e ao menos 1.000 residências danificadas. A agricultura de Tijucas foi amplamente atingida e registrou um prejuízo financeiro incalculável.
Relembrar a tragédia não é legal. Sabemos disso. Entretanto, precisamos entender o passado para construir o futuro.
Segundo especialistas, a falta de áreas verdes que absorvessem o excesso de águas foi determinante para o desfecho trágico das fortes chuvas.
Em Tijucas, moradores mais antigos sabem que a cidade quase sempre “se safou” por conta, justamente, das áreas verdes ao longo da margem esquerda do Rio Tijucas. Pois bem. É justamente este o foco desta matéria.
Fomos alertados por empresários, comerciantes e moradores das regiões localizadas às margens do lado direito do Rio Tijucas sobre uma intensa mobilização de caminhões carregados de aterro.
Gigantes do mercado estão se instalando naquela região. É inegável os inúmeros benefícios para a cidade de se ter, por exemplo, uma Central de Distribuição de uma Multinacional Chinesa na cidade, conforme apuramos com exclusividade. Mas, o que acontecerá com a água das chuvas sem poder escoar para aquela área? Para onde vai toda essa água, principalmente tendo em vista que já foi erguida uma barreira com o aterro?
Questionamos as autoridades de Tijucas, que são as pessoas competentes para tratar sobre. Entretanto, eles apenas sabem o mesmo que nós: se chover muito, estamos ferrados. As autoridades estão preocupadas e após nossos questionamentos, começou um verdadeiro corre-corre para encontrar soluções e respostas.
Em conversas com o secretário Jean do Nico, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, fomos informados de que, tendo em vista a instalação de grandes empresas na cidade, o Conselho de Desenvolvimento Rural e de Meio Ambiente de Tijucas fez alterações no Plano Diretor justamente para coibir práticas nocivas à cidade.
Para que fique claro à população: ressaltamos que o intuito desta matéria não é, de forma alguma, desprestigiar ou incitar a população contra a Administração Pública, e sim, em parceria com a comunidade, repassar as perguntas do cotidiano das pessoas. Portanto, encaminhamos ao executivo as seguintes perguntas:
1- Existe um estudo de impacto das áreas já aterradas?
2- O aterro feito pela empresa possui liberação dos órgãos competentes?
3- Existe uma estratégia para contenção de alagamentos tendo em vista as áreas já aterradas?
4- Quais alterações foram feitas no plano diretor para gerenciar e cobrar maior segurança nas futuras áreas aterradas?
5- Como será feito o escoamento e para onde irá a água que antes escoava naquela região?