O Pantanal, maior área úmida do mundo, enfrenta o mais severo novembro de incêndios desde o início dos registros pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no final dos anos 90.
Com a combinação de chuva escassa e uma onda de calor brutal, os incêndios estão crescendo rapidamente, espalhando-se velozmente e causando estragos significativos, tanto na fauna, incluindo onças-pintadas, quanto em propriedades.
Segundo dados do Inpe, entre 1º e 14 de novembro, foram registrados 2.660 focos de calor, superando o recorde anterior de novembro de 2002, que teve 2.328 focos durante todo o mês.
A situação é alarmante, pois apenas nos dias 13 e 14 de novembro, os satélites detectaram 404 focos de calor, quase alcançando a média histórica mensal do Pantanal para novembro.
A escassez de chuva e as altas temperaturas exacerbaram os incêndios. Em Cuiabá, a precipitação acumulada de 1º de outubro a 14 de novembro foi de apenas 86,9 mm, contra uma média histórica de 220 mm para o período. A capital do Mato Grosso registrou 24 dias com temperaturas acima de 40ºC nesses 45 dias, incluindo uma sequência de nove dias consecutivos com máximas de 40ºC ou mais.
Os animais estão sofrendo terrivelmente com esta catástrofe ambiental. Às margens da Transpantaneira, jacarés lutam para sobreviver em um lago que deveria estar cheio, mas agora está reduzido a uma pequena poça. A morte de animais de várias espécies, incapazes de escapar das chamas, desencadeia um efeito dominó no ecossistema.
Voluntários e ONGs estão lutando para mitigar os efeitos devastadores dos incêndios. Durante os incêndios históricos de 2020, foram distribuídas 300 toneladas de frutas para os animais afetados. O Pantanal, uma região de mais de 170 mil km², é um tesouro ecológico que abriga uma vasta diversidade de vida selvagem, mas agora está sob uma ameaça sem precedentes.
