Nos últimos dias, o fenômeno conhecido como “chuva preta” tem causado preocupação em várias cidades do Oeste de Santa Catarina, como Iporã do Oeste e Chapecó. A precipitação escura, resultado das partículas de fuligem trazidas pelas queimadas na região Centro-Norte do Brasil, Bolívia e Paraguai, já foi registrada por moradores locais, que ficaram surpresos com a coloração anormal da água da chuva.
De acordo com meteorologistas, a tendência é que o fenômeno se espalhe para outras regiões do estado, especialmente com a chegada de uma frente fria nos próximos dias. A combinação entre o ar quente e seco, que tem dominado Santa Catarina, e as nuvens carregadas de partículas de fumaça cria as condições perfeitas para a ocorrência da chuva preta. O meteorologista Piter Scheuer explica que a chuva carrega partículas de carbono provenientes da fumaça das queimadas, o que causa a coloração escura nas gotas.
A Defesa Civil de Santa Catarina emitiu um alerta para que a população fique atenta aos impactos dessa chuva. O fenômeno não apenas é visualmente impressionante, mas também indica uma significativa degradação da qualidade do ar, que já está em níveis preocupantes. De acordo com o Instituto do Meio Ambiente (IMA), algumas regiões do estado registraram índices de partículas inaláveis (MP10) entre 80 e 130 μg/m³, o que representa uma qualidade do ar entre moderada e ruim.
Moradores de regiões mais afetadas estão tomando medidas preventivas. Alex Junior Lorenzet, engenheiro agrônomo de Iporã do Oeste, relatou que teve que desconectar o sistema de captação de água da chuva para evitar que a água contaminada entrasse em seus reservatórios. “Mesmo com estação de tratamento, é complicado lidar com esse tipo de poluição. A água seria de extrema importância, mas está difícil utilizá-la”, afirmou.
As autoridades de saúde recomendam que a população evite atividades ao ar livre em momentos de alta concentração de fumaça e que grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios, redobrem os cuidados. Entre os sintomas mais comuns estão irritação nos olhos, garganta, cansaço e tosse seca.
Com o avanço das queimadas no Brasil e países vizinhos, os especialistas indicam que a chuva preta poderá continuar a atingir outras áreas de Santa Catarina.