Bombeiros, policiais, pilotos de jet ski, empresários da construção civil. Pais, mães, irmãos. Cidadãos. Voluntários. Esse é o resumo da gigantesca força-tarefa que se encarrega de levar solidariedade, amor e esperança para os batistenses.
A Defesa Civil alertou durante toda a semana para o que estaria por vir. Jornais publicaram, alguns com ceticismo, outros com responsabilidade e a sensação de que mais ainda poderia ter sido feito.
A verdade é que ninguém realmente acreditava na proporção de tudo o que aconteceu. São João Batista está vivenciando a provável pior enchente de sua história. Os nativos dizem que nunca viram nada igual.
Inúmeras pessoas ainda aguardam pelo resgate que veio do céu. Enquanto as forças de salvamento estavam desnorteadas, sem saber por onde começar, devido ao imenso número de pedidos de socorro, simplesmente surgiu na cidade um helicóptero. Era o empresário Mikael Minatti, de Itapema, que, assim como as famílias batistenses afetadas pela enchente, também está sem comer desde quando o pesadelo começou.
Mikael é um herói. Sua atitude não apenas salvou muita gente, como também incentivou e estimulou dezenas de outras pessoas a formarem uma corrente do bem, onde a nossa gente, mesmo sem se conhecer, vê um ao outro como irmãos.
Assim como Mikael, outros construtores de Itapema seguiram o exemplo e mandaram helicópteros para São João Batista. Um, dois, três… e a ajuda não se ateve apenas pelo ar. Veio por cima d’água, nas mãos de exímios anônimos que apreciam esportes náuticos. Incontáveis Jet Skis, lanchas, barcos, bateiras, canoas e tudo quanto é tipo de embarcação tomaram conta das ruas batistenses.
Infelizmente, a tragédia é tamanha que até agora há pessoas esperando por resgate. Os helicópteros não podem mais continuar os serviços. Na verdade, em tese, sequer poderiam se expor ao gigantesco risco de um acidente. Mas a vontade de fazer o bem era maior do que qualquer medo.
O comandante da Polícia Militar de Itapema, responsável por todo o Vale do Rio Tijucas e Costa Esmeralda, resolveu unir esforços às guarnições que já estavam em campo. O Tenente Coronel Eder Jaciel convocou uma verdadeira força-tarefa composta de voluntários e militares, que já estão em campo e prometem agir durante toda a madrugada.
“A gente não sai daqui enquanto não estiver todo mundo bem”, garante Eder Jaciel.
Após o árduo trabalho, São João Batista ainda agoniza. O município decretou situação de calamidade pública e o Rio Tijucas, que corta a cidade, chegou a atingir o nível de 9,16 metros. O nível subiu mais de 6m em menos de 24h.
O reservatório de água da cidade está vazio e não há previsão de restabelecimento da normalidade. A adutora que leva a água até a Estação de Tratamento foi rompida, não sendo ainda possível precisar a dimensão dos estragos e quando será possível efetuar os reparos necessários. Também há o registro de queda de várias pontes no interior.
A estimativa é que cerca de 15 mil pessoas tenham sido afetadas, com a enchente ocupando quase 85% do território batistense. Ao menos 700 pessoas foram levadas para abrigos emergenciais da Defesa Civil.