Nesta segunda-feira (12), Manuela Francisco Martins, mãe do menino Theo Francisco Neumann, de 1 ano e 9 meses, que faleceu no Hospital Ruth Cardoso no Dia dos Pais, desabafou e relatou ao Jornal Razão o pesadelo que viveu nos últimos dias de vida do filho. O relato angustiante expõe uma sequência de atendimentos médicos que, segundo Manuela, falharam em diagnosticar e tratar adequadamente a condição do menino.
Tudo começou na quinta-feira anterior, quando Manuela foi chamada pela escolinha do filho, preocupada com a febre alta e o choro incessante da criança. Ao buscar atendimento no hospital de Balneário Camboriú, onde o menino apresentava respiração ofegante e sinais claros de desconforto, a resposta da equipe médica foi decepcionante: diagnosticaram o caso como uma simples gripe, recomendando apenas lavagem nasal e paracetamol.
Inconformada com o diagnóstico, Manuela procurou o Hospital Ruth Cardoso, onde exigiu que um raio-x fosse realizado. O exame, segundo ela, não revelou nada de preocupante, e o tratamento prescrito foi para o início de uma bronquiolite. Manuela solicitou um antibiótico, acreditando que algo mais sério estava ocorrendo, mas o pedido foi negado.
Os dias seguintes foram de angústia crescente, com o filho apresentando sinais de piora, sem resposta aos medicamentos prescritos. No sábado, em desespero, ela levou o menino à UPA da Nações, onde foi constatado que ele estava desidratado e em estado crítico. Manuela relatou a dificuldade das enfermeiras em encontrar uma veia para administrar os medicamentos, o que só aumentou sua preocupação.
Finalmente, o menino foi transferido novamente para o Hospital Ruth Cardoso, desta vez em uma ambulância, mas sem o suporte necessário, o que, segundo a mãe, poderia ter contribuído para o agravamento do quadro. No hospital, o menino foi diagnosticado com pneumonia aguda, água no pulmão e uma infecção generalizada que se espalhava rapidamente. Apesar dos esforços da equipe médica, a situação se deteriorou durante a madrugada, culminando na morte do menino.
Manuela expressou sua revolta e dor, fazendo um apelo às outras mães para que evitem buscar atendimento no Hospital Ruth Cardoso, que ela descreveu como um “açougue de hospital” pela falta de empatia e despreparo dos profissionais. Ela alertou para o perigo de confiar em diagnósticos superficiais e insistiu na importância de uma vigilância constante sobre os sintomas das crianças.
“Não procurem esse hospital com falta de empatia! Com profissionais recém-formados, sem UTI, porque a qualquer momento pode precisar… E fiquem de olho sempre em qualquer sintoma nas crianças! Cuidado e mais cuidado é essencial: uma morte atrás da outra que eles abafam o caso!!! Não vão para esse açougue de hospital, porque eles falam que estão fazendo de tudo, mas negam qualquer ajuda, são grossos no pior momento da gente”, desabafou Manuela, em meio à dor pela perda irreparável de seu filho.
Nota oficial
A Prefeitura de Balneário Camboriú, por meio da Secretaria de Saúde, lamenta os dois óbitos ocorridos nos últimos dias e informa que o Hospital Municipal Ruth Cardoso prestou toda a assistência, com todos os atendimentos médicos e exames necessários para os dois casos.
Os atendimentos ocorreram de forma rápida e ágil de acordo com a gravidade dos casos, e foram prestados por médicos pediatras especialistas, devidamente registrados no Registro de Qualificação de Especialidades do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina.
No primeiro caso o paciente deu entrada na quinta-feira (08) a noite, onde realizou exames e não apresentou alterações. No sábado (10), no início da noite, o paciente deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento do Bairro das Nações em estado grave e foi imediatamente encaminhado ao Hospital Municipal Ruth Cardoso, conduzido a sala de emergência, prestada toda a assistência médica e solicitada vaga de UTI Pediátrica. Durante todo o atendimento, os médicos responsáveis estiveram em contato com os pais atualizando periodicamente sobre o quadro e na madrugada fizeram uma conferência com toda a família explicando a gravidade. A criança foi a óbito no início da manhã.
O segundo paciente foi atendido no Hospital Municipal Ruth Cardoso no domingo (11), por volta das 3h, com queixa de diarreia e exame clínico normal, sem outras alterações, teve alta com orientação aos pais de sinais de alerta. Por volta das 23h, acompanhado dos pais, retornou ao hospital com desconforto respiratório grave, foi imediatamente conduzido à emergência, prestada toda a assistência médica e internado. Infelizmente, o paciente veio a óbito nesta segunda (12) pela manhã.
O HMRC esclarece que não se trata de infecção hospitalar. Os critérios para definição são normatizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e avaliados por médicos infectologistas, sendo um dos critérios ter no mínimo 24 horas de internação, o que não se enquadra nos casos.
O HMRC está à disposição para conversar diretamente com as famílias para informar e esclarecer a evolução dos casos.
O Município lamenta profundamente as perdas.