Saia rodada, sapatilha furada, ponta esticada, queixo pra cima. Costela fechada, barriga guardada. Sequência está errada, mas não desanima: vem aí a bailarina!
Quando se fala em Ballet em Tijucas, é impossível não associar, imediatamente, a Tia Thaís, como ficou conhecida na comunidade regional Thaís Carolina Soares.
Apaixonada por dança, a professora de educação física resolveu transcender o seu talento dos palcos para as salas de aula.
Aquele sonho da juventude amadureceu e, neste arranjo, nasceu a Ballare’s. Ninguém melhor para narrar essa história do que a própria Thais.
Este especial do Jornal Razão é uma homenagem para a professora responsável por “bailar” nos corações das famílias tijuquenses, inclusive na família Barentin.
“10 anos de Ballare’s”, por Thaís Carolina Soares
“Ballare’s inaugurou em 6 de setembro de 2012. Nasceu do sonho de trazer novamente para Tijucas uma escola exclusiva de dança e de qualidade. Na época só encontrávamos a modalidade como aula extra em escolas regulares ou academias. O incentivo de alunas e mães das escolas em que Thaís trabalhava, a encorajaram à abertura do Ballare’s.
O nome tem origem da história do Ballet, “Ballare” significa Bailar.
Desde então o Ballare’s assumiu o papel de se envolver com a arte de dançar transmitindo conhecimento, técnica, consciência, respeito e amor.
E foi em clima de retrospectiva que os trabalhos coreográficos deste ano foram apresentados, trazendo ao palco novamente alguns dos melhores momentos desses 10 anos de história, buscando relembrar os menos recentes. Foi assim que mais uma vez o Ballare´s encantou a plateia, em duas lindas sessões no último sábado, 03 de dezembro.
“Thaís, 10 meninas, será que não conseguimos 10 meninas para ti arrumar uma sala e dar o ballet?”
A Thaís fazia dança desde pequena. Dedicada ao extremo, comprometida, amava os festivais, na época realizados no Tijucas Clube ou ginásio de esporte. Tudo aquilo era tão grande aos meus olhos!
Fiquei um tempo sem dançar, por conta dos estudos fora da cidade, mas na faculdade de Educação Física, a dança falou mais alto.
Iniciei dando aulas na escola e as mães e alunas começaram a instigar sobre 1x por semana ser pouco, que seria legal ter outra modalidade além do ballet, que em Tijucas não tinha um espaço só de dança… e aquela pontinha de sonho guardada em meu coração foi crescendo.
Resolvi fazer uma consultoria de um plano de negócio, de um estúdio de dança. Na época, não me atrevia a dizer ESCOLA DE DANÇA. Resultado da consultoria: não seria viável. Fui embora com o sonho guardado de novo.
Nessa época, uma mãe de aluna, na verdade ex aluna, pois ela já não estudava mais nas escolas em que eu trabalhava, não desistia de tentar e falar sobre o ballet. Ela é Claudia Buchele, mãe da primeira bailarina do Ballares, Luana Buchele.
A Claudia me encontrava e dizia: Thaís, 10 meninas, será que não conseguimos 10 meninas para ti arrumar uma sala e dar o ballet? Eu te ajudooo! E é verdade! A Claudia nos acompanha em todos os festivais desde o início, ela que ajuda nas trocas de cabelos e makes de forma tranquila e voluntária e sei que vive tudo isso como se fosse um sonho dela.
E aos poucos fui tomando coragem, procurando um espaço, analisando algumas escolas de fora…até que nasceu o Ballare’s em setembro de 2012. Pensei em aguardar para início de ano abrir matrículas, mas já não era possível esperar mais, pois depois de decidir, está decidido!
Eu tenho muito orgulho de toda a história que construímos até aqui. Em cada festival que participamos eu percebo o quanto evoluímos em relação à dança, técnica…mas principalmente o quanto aprendemos como pessoa e grupo. São experiências e valores ímpares, e eu não tenho dúvidas disso!
Algumas pessoas falam que não fazem Ballare’s, porque todas são bailarinas muito boas. Eu digo que NÃO! O Ballare’s é uma escola para APRENDER a dançar e aprender com a dança. Existe uma exigência sim, existe disciplina e cobram por qualidade e dedicação, mas compreendem que cada bailarina tem as suas habilidades e também suas limitações e o objetivo é que cada uma perceba o quanto evolui dentro das suas possibilidades.
O que o Ballare’s faz é explorar e ampliar essas possibilidades!
Nós trabalhamos muito para fazer bonito, para “limpar” a coreografia (como falamos), treinamos para valer para não errar, porque essa é a lógica. Mas sabemos que o errar faz parte e aí entra o equilíbrio.
Batalhamos por um padrão, mas não podemos controlar tudo e erros podem acontecer. O nervosismo, a ansiedade, as condições do espaço, do palco…tudo influencia! Também precisamos estar preparadas para os erros e frustrações. E a dança também ensina isso!
Entendo a dança como uma atividade para todos, mas que também abre novas portas e caminhos de uma dança exigente “lá fora”.
Queremos festivais regionais, mostras competitivas e para estes casos precisamos que as bailarinas entendam também a sua responsabilidade nesse processo, e que a exigência e qualidade faz parte desse mundo e que não vamos deixar de explorar essa opção do mundo da dança.
Como exemplo, este ano além da mostra de dança no CIC, o Ballare’s participou do Festival Competitivo Costa Esmeralda trazendo o 1º lugar na categoria Ballet Conjunto Juvenil, com a coreografia No Reino da Escuridão e 2º lugar na categoria Jazz Conjunto Juvenil com a coreografia Aparências. As bailarinas destacaram-se neste festival, antes mesmo de subir ao palco. As bailarinas muito bem caracterizadas, chamavam a atenção do público presentes com a personagem Malévola.
Também precisamos agradecer alguém que nos acompanha há mais de 10 anos: a figurinista Beth Soares, desde antes mesmo da abertura do Ballare’s. Quantos figurinos, ideias e recordações foram criadas durante todos esses anos!
Para 2023, além dos festivais que já participa, o Ballare’s embarca para o tão sonhado Festival na Disney. Serão 10 dias de festival, workshop com os profissionais Disney, muita dança, aprendizado e diversão!
Então, o meu desejo é que a gente possa continuar fazendo dança de qualidade, exigindo e evoluindo cada vez mais, mas sempre respeitando a bailarina ou bailarino que está em nossas mãos assim como seus processos. Que o nosso espaço, a nossa escola seja sempre um lugar acolhedor em que as bailarinas e todos vocês gostem de estar.
E dizer que tenho muito orgulho de ver que o Ballares e a dança se fundiram e tem nome em nossa cidade e região, e percebo isso quando escuto alguém dizer: Eu faço Ballares, eu sou Ballares e todo mundo já sabe que ali tem dança, tem uma bailarina ou bailarino… e que de certeza tem uma história!
Muito obrigada a todos que FAZEM PARTE DESSA HISTÓRIA!
