Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelou que os fumantes brasileiros gastam em média cerca de 8% da renda familiar per capita mensal na compra de cigarros industrializados. Os dados, que serão divulgados durante o lançamento da campanha “Precisamos de comida, não tabaco” da Organização Mundial da Saúde (OMS), ressaltam o impacto financeiro do hábito de fumar no país.
De acordo com o estudo, os gastos com cigarros chegam a quase 10% da renda entre os fumantes com idade entre 15 e 24 anos, e atingem 11% entre aqueles com ensino fundamental incompleto. A pesquisa se baseou nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.
O médico André Szklo, um dos autores do estudo, destacou que os gastos com cigarro têm maior impacto entre pessoas com menor escolaridade e em regiões do país onde a renda média é mais baixa, como no Norte e Nordeste. Segundo ele, aumentar o preço do cigarro é uma medida efetiva para reduzir o consumo e direcionar os recursos para outras áreas, como a saúde.
O estudo também aponta que as regiões Norte e Nordeste são as que registram os maiores gastos com tabagismo, sendo o Acre o estado com maior comprometimento de renda (14%). Por outro lado, a Região Centro-Oeste apresenta os menores índices de gastos com cigarro.
Diante desses resultados, a pesquisa reforça a importância de aumentar o preço do cigarro e criar um imposto específico para produtos derivados do tabaco, direcionando os recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, destaca a necessidade de conscientizar sobre os impactos negativos do tabagismo e incentivar a produção de alimentos sustentáveis como alternativa ao cultivo do tabaco.
Nesta quarta-feira (31), em comemoração ao Dia Mundial sem Tabaco, o Inca promoverá ações de sensibilização para que os fumantes parem de fumar, além de receber um prêmio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) por suas contribuições no combate ao tabagismo no país.